"Tenho 25 anos, sou de Uberlândia e estou no último período do curso de teatro. 

Estou experimentando, fazendo testes e aprendendo sobre maquiagem tem mais ou menos 6 meses. A primeira vez que eu saí montado foi no Carnaval de 2019 e eu acho que grande parte do meu interesse veio de "Rupaul's Drag Race, para mim é um local de experimentar, ver outros papéis, formas de ser, que não necessariamente é "menino ou menina". Vem muito ao encontro de arte dramática do ator, de se apresentar, de preparar uma cena, de pensar na concepção da apresentação, os elementos utilizados, as cores, e para mim tem esse "rolê" de voltar a ser criança, brincar com cor e maquiagem.

Fiquei um pouco assustado, achando que ia dar algum problema, mas eu acho que quando mostrei para os meus amigos e apareci maquiado em casa eu tentei agir da maneira mais natural possível, até porque já é da minha área de atuar, o teatro. Eu estou me divertindo, eu estou sendo feliz. Uma vez meu pai foi me buscar na boate e eu estava com a peruca na mão, e ele não tinha me visto saindo de casa montado, ele me disse: "o que é isso?", e eu respondi: "o que é isso o quê". Não era nada demais. É uma arte do bem. Estamos fazendo o que a gente gosta e não tem problema nenhum em sermos quem somos, fazermos o que quisermos.

Eu tenho um pouco de dificuldade em separar a arte da vida real. As coisas meio que se cruzam, eu tento trazer algumas coisas que eu aprendo fazendo drag para minha vida pessoal, vice-versa. 

Eu tento trazer um pouco do Gustavo para a Le Gusta, eu me inspiro em algo meio felina, misteriosa, brincalhona e predadora. Estou buscando uma diversão na androgênia. Estou me descobrindo ainda".