drag Up

"DRAG É CRIAR UM PRÓPRIO ESTILO, UM PRÓPRIO PERSONAGEM"
"DRAG QUEEN NÃO É BAGUNÇA, É PEGAR AQUELA FRASE 'EXISTIR E RESISTIR' E LEVAR AO MÁXIMO"
"O começo é difícil e um pouquinho ruim, por mais que não pareça, por que você fica bem orgulhoso na primeira vez que você faz sua maquiagem, mesmo estando horrível, então vai fundo no que você acha, no seu estilo, porque drag é isso, é criar um próprio estilo, um próprio personagem. Se tranca no banheiro e se maquia."
"Atualmente eu vivo muito em função da faculdade, até as festas que nós vamos são relacionadas à ela."
"Eu moro com a minha família, minha mãe, meu pai e meu irmão, tanto que aqui é oficialmente o meu lugar de montação (se referindo à casa de sua amiga Iannay)".
Iannay: "a gente se conheceu na faculdade, 3 anos atrás, no primeiro período. A gente conversava mas ainda éramos de grupos diferentes, depois nos juntamos e começamos a fazer tudo juntos. Até que ficamos praticamente só nós dois e vivemos um dentro do outro, não nos largamos pra nada. Já ficamos dias e dias seguidos inteiros juntos." A gente sai do role, ele tem que vir pra cá desmontar depois ir pra casa, então é um trabalho, muito trampo".
(Sobre sua pesquisa acadêmica): "É sobre a construção da feminilidade em homossexuais, porque ou como se dá essa construção. É uma pesquisa bibliográfica, com entrevistas e autoetnográfica, então inclui a minha experiencia e como e cheguei até a aqui. Eu começo período que vem."
(Sobre seu estágio): "Existe um laboratório na Universidade, um ambulatório que faz um atendimento integrado para, com vários profissionais, a população de transsexuais e travestis, com base nas suas necessidades, então tem assistente social, assistência jurídica, ginecologista, endocrinologista, psicólogo. Eles fazem o acolhimento, encaminham para o acompanhamento psicológico, que, por lei, deve durar um ano, e juntamente a isso eles começam o tratamento hormonal. Muita coisa evolui nos últimos tempos, por exemplo, pra realizar a mudança de nome, basta ir no cartório, porém custa duzentos reais, e pra galera da periferia isso é um problema, porque eles não tem essa condição"
"A primeira vez que eu montei, a gente passou na frente de uns caras e eles ficaram cantando a gente, falando coisas horrível" "Uma vez um cara me falou: você não tem medo de nunca mais arrumar um namorado, por parecer uma mulher?"
"Eu nunca namorei, mas os últimos rolos que eu tive foram bem tranquilos com o fato de eu me montar. Mas eu acredito que na questão de namoro ainda exista um preconceito em relação às drags"
"O auge pra mim, a quebra de um pro outro, foi a parada gay, foi quando houve uma grande diferença da minha drag anterior pra essa agora"
"Eu sou daltônico. Então tem um histórico na minha família, meu irmão é também. Quando eu era pequeno não apresentava muito, mas eu já tinha dificuldade com algumas cores. Eu confundo espectros muito próximos, como marrom e verde escuro, azul e roxo e o vermelho com o marrom. Por isso sempre que vou mexer com azul ou roxo, por exemplo, eu pergunto pra ela (referindo-se à amiga)."
Iannay: "eu sempre falo pra ele, quando você for comprar alguma sombra nova, me pergunta, não tem problema"
"As queens tão ganhando muita visibilidade no movimento LGBT, já que a gente tem um expoente que é a Pablo, e também a Glória Groove, que tá crescendo bastante. E com isso ta crescendo bastante o movimento drag, tanto que era um movimento underground e agora cresceu bastante. Mas ainda tem muita coisa que a galera tem que entender sobr drag, por mas que a gente se interesse por beleza e por fazer piada, não é só isso. Tem uma frase muito famosa que é 'travesti não é bagunça', e tipo, drag queen não é bagunça, é pegar aquela frase 'existir e resistir' e levar ao máximo, porque você tá dando sua cara à tapa, não tem como esconder uma drag queen. A drag também tem que entender que o que ela tá fazendo não é só por ela
Iannay: "uma coisa que eu vejo muito aqui em Uberlândia, é que não há uma valorização profissional. Uma vez chamaram ele pra performar e o que ele ganhou foi a entrada e uma bebida. E se você compara com o que é la fora, tem uma diferença muito grande, mesmo que a drag não seja tão conhecida, ela ganha um cachê. Tem muita diferença entre cidades também, em São Paulo existe muito mais oportunidades pra drags"
Yuko: "eu vejo direto a BisKate reclamar dessas propostas absurdas. É como falam: 'nem vem com esses caras achando que consumação paga peruca'. Eu não uso mas peruca é um negócio muito caro, uma sintética custa 300/400 reais, se tem cabelo humano misturado é 600, se for toda humana é de 1000 a 5000."